plural

PLURAL: os textos de Atílio Alencar e Fabiano Dallmeyer

  • Amenidades
    Atílio Alencar
    Produtor cultural

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    Pois bem. Falemos de amenidades. O Brasil é o pior país do mundo para se estar durante a pandemia. O governo federal, provavelmente, o mais inepto que a república brasileira já conheceu, supera, diariamente, as nossas piores expectativas em termos de incapacidade, má gestão e aparelhamento das instituições públicas. Todos os dias, ficamos sabendo pelas redes sociais de amigos que partiram ou estão em luto pela perda de um ente querido.

    TEMPOS DIFÍCEIS

    Milhares de pequenos e médios empreendimentos enfrentam um drama prolongado com as restrições ao funcionamento do comércio, dificuldades essas que poderiam ser atenuadas se contássemos com um mísero ministro da saúde competente, e não com negacionistas subservientes à ignorância governamental.

    Há fortes indícios de envolvimento da família do atual presidente com organizações criminosas que operam desde esquemas de lavagem de dinheiro até a eliminação de adversários políticos.

    Os preços dos produtos básicos de subsistência não param de subir, incluindo o pão, o arroz, o feijão, o óleo de soja, o gás de cozinha e os combustíveis.

    Artistas e intelectuais que manifestam oposição ao governo são acossados e ameaçados judicialmente, com órgãos de segurança pública atuando em benefício pessoal do presidente.

    O chefe de Estado em exercício incita sistematicamente a população a ignorar medidas básicas de segurança e incentiva o uso de medicamentos que, além de ineficientes contra a Covid-19, estão gerando graves problemas de saúde devido à automedi-cação ou às prescrições inadequadas realizadas por profissionais irresponsáveis.

    Os impostos sobre a comercialização de livros estão mais caros, tornando ainda mais difícil o acesso da população à cultura.

    O acesso irrestrito às armas de fogo por civis é uma das principais plataformas políticas do atual governo, que, no entanto, nada propõe para valorizar e qualificar os profissionais da segurança pública.

    O ministro da economia de um país em colapso econômico explica aos jornalistas que vai tudo bem no Brasil, enquanto o valor do novo auxílio emergencial é fixado em R$ 150. O presidente chama de "meu exército" as Forças Armadas do Brasil, sugerindo que, faça o que fizer, os militares serão obedientes a ele.

    A ciência brasileira, que tem alcançado resultados admiráveis no combate à pandemia, vive uma situação de desmonte acelerado. E em meio a esse cenário, ainda há quem ache errado endereçar alguns impropérios jocosos ao governo. 

    Pois bem. Falemos de amenidades.

    Dia da mentira
    Fabiano Dallmeyer
    Fotógrafo

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    O Dia da Mentira, ou o Dia dos Tolos, é celebrado no dia 1º de abril. São várias as teorias da origem desta data, uma diz que se iniciou na França, quando em 1564 o rei Carlos IX de França determinou que o ano novo fosse comemorado no dia 1º de janeiro, depois da adoção do calendário gregoriano. Porém, alguns franceses resistiram à mudança e continuaram seguindo o antigo calendário, no qual o ano iniciava justamente no 1º de abril. 

    Muitos foram os que passaram a enviar presentes e convites para festas que não existiam, como forma de ridicularizar aqueles que não acreditavam na mudança da data. Por lá, essas brincadeiras são chamadas de plaisanteries. Onde se fala inglês, April Fools Day. Já na Itália, chamam de pesce d'aprile, ou, literalmente, peixe de abril. Na Alemanha o 1º de abril, Aprilschertz, foi na Baviera em 1618. Essa popular tradição germânica foi introduzida pelas primeiras levas de imigrantes alemães que se assentaram no Rio Grande do Sul, a partir de 1824. 

    Segundo a tradição, além de contar mentiras, existe o costume de se enviar uma pessoa desavisada a cumprir tarefas sem fundamento ou levar informações sem nexo para alguém. Como teuto que sou, algumas vezes fui "caçar" Till Tappes, com as ordens dadas pelos meus tios...

    TUDO ESTÁ MUDANDO

    Há 10 anos, a fabricante de automóveis BMW anunciou que lançaria uma picape com motor v8 baseada no seu, mundialmente, famoso modelo M3. O modelo nunca foi produzido, e claro, se tratava de uma "pegadinha" no dia da mentira. Este ano, muitas foram as notícias sobre as mudanças. O gigante Google, por exemplo, comunicou que não iria fazer nenhuma brincadeira nesta data, pois o "número de fake news já está elevado". Em 2005, seria lançado a "Google Gulp", a bebida do Google. Pegadinha, apenas.

    Talvez, a piada nem sempre é vista com bons olhos, ainda mais quando se trata de empresas globais, e onde uma filial resolve aplicar uma pegadinha, sem mesmo comunicar a matriz. Foi o que fez o braço norte-americano da VW, uns dias antes do april fools day, ao anunciar "oficialmente" a mudança de nome da filial Volkswagen of America, para "VoltsWagen", trocando a letra K pela letra T. A ideia era anunciar a mudança com a nova cara da empresa ao criar veículos totalmente elétricos, e para todos, "não apenas para milionários", como diziam no vídeo apresentado, com a fala do CEO Scott Keogh, participante da brincadeira, dando ares de realidade. A marca só se pronunciou sobre a brincadeira ao final do dia, o que fez com que muitos atacassem a empresa americana como uma criadora de fake news. 

    POR AQUI

    Foi em Minas Gerais que o 1º de abril começou a ser difundido. Lançado em 1º de abril de 1828, o periódico "A Mentira" noticiava o falecimento de Dom Pedro, notícia que foi desmentida no dia seguinte. Infelizmente, há muita fake news circulando por aí. E por conta disso, estão "cancelando" tradições.


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